Ufra marca presença na Feira do Cacau e Chocolate
Com dois stands, palestras e até com uma árvore de cacau no meio do Hangar Centro de Convenções, a Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) marcou presença na Feira do Cacau e Chocolate Amazônia e Flor, evento realizado de 06 a 08 de junho, em Belém.
Segundo a pró-reitora de extensão, professora Antônia Bronze, a Ufra tem o protagonismo de pesquisas sobre o cacau no estado e os eventos são para mostrar isso. “Nós buscamos esses espaços para mostrar que a ciência pode ser falada de uma forma mais acessível para a população, apresentando também resultados efetivos tanto para a cadeia da cacauicultura como para outras culturas prioritárias na região amazônica”, disse.
Quem passou pelos stands da Ufra pôde acompanhar dois diferentes momentos de apresentação dos diversos projetos de pesquisa e extensão da universidade. Em um stand, alunos puderam falar com a comunidade sobre doenças do cacau, o cacau nas ilhas, beneficiamento, fungos, melhoramentos e produtos. E ainda teve a participação especial da Uframiga, a formiguinha mascote do projetto Rede ODS Ufra.
“O público pôde encontrar diversas vivências, tirar dúvidas, verificar possibilidades de investimento, logística. A universidade compartilhou esses conhecimentos, trazendo uma produção baseada na sustentabilidade, reunindo experiências diversas e liderando vários tipos de trabalho com relação à cadeia produtiva do cacau”, disse Salma Saraty, diretora de desenvolvimento da Proex Ufra.
Já no stand, “Chocolate com Ciência”, alunos e professores apresentavam quais as principais pesquisas que estão sendo desenvolvidas pela universidade na cacauicultura. Os visitantes eram convidados a tomar um chocolate quente, enquanto interagiam com os grupos de pesquisa da Ufra, como o LPP (Laboratório de Proteção de Plantas); Frutam (Grupo de Pesquisa e Extensão em fruticultura na Amazônia; Clube de Cartografia; NPCA (Núcleo de Pesquisas em Computação aplicada); ISPAAM (Interação solo-planta-atmosfera na Amazônia); Cacau da Ilhas CBACBA (Centro de Valorização de Compostos Bioativos da Amazônia).
“Foi uma proposta da Ufra para a organização do evento, mostrando o resultado de pesquisas da Ufra e da Ufpa para trazer ciência, inovação e tecnologia ao evento e aos visitantes da feira”, explica a professora Antônia Bronze, pró-reitora de extensão (Proex).
Pesquisas
Atualmente o Pará disputa com a Bahia o título de maior produtor de cacau do Brasil. Parte dessa produção é oriunda da Região de Integração do Xingu, composta por 10 municípios localizados às margens da Rodovia Transamazônica, no Sudoeste do estado do Pará.
É lá que mais de 30 projetos sobre Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação na cacauicultura estão sendo desenvolvidos em uma turma fora de sede do Programa de Pós-graduação em Agronomia (PgAGRO). Os estudos são realizados em parceria com a Universidade Federal do Pará (UFPA), campus Altamira.
“Nós nos reunimos com o campus da Ufpa em Altamira e com isso disponibilizamos vagas de mestrado e doutorado, exclusivamente para pessoas que atuam na cadeia produtiva do cacau. O objetivo é de gerar tecnologias, gerar conhecimento científico e qualificar pessoas que já estão no mercado de trabalho e não tem condições de vir até a capital para continuar sua formação. São 800km que a Ufra encurta e cumpre sua missão de formação continuada, especialmente nessa cadeia produtiva tão importante, de modo que gere renda e conserve nosso bioma”, afirma a pró-reitora de pesquisa e desenvolvimento tecnológico da Ufra, professora Gisele Barata.
O projeto de Pesquisa é atualmente coordenado pela professora Vivian Farias (UFPA) e financiados com recursos do Plano Sub-regional de Desenvolvimento Sustentável do Xingu (PDRSX), do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR). Na Ufra, a coordenação da turma fora de sede é do professor Marcus Santos e professora Sandra Silva.
Segundo a professora Sandra Silva, os estudos estão sendo abordados nas diversas linhas de pesquisa, com profissionais que já atuam na área.
“Há pesquisas sobre sucessão familiar, que é um gargalo hoje pra lavoura cacaueira; e o aproveitamento do resíduo de pó de rocha como fertilizantes alternativos; bioinsumos e uma variedade de estudos com resultados e recomendações que chegam ao produtor”, disse.
Inteligência artificial
Entre as pesquisas inovadoras apresentadas no espaço “Chocolate com Ciência” estava o CIDD (Cacau Inteligente: Diagnóstico de Doenças), um software gratuito que utiliza de inteligência artificial para identificar doenças em plantações de cacau amazônico, como “mal do facão”, “vassoura de bruxa” e “podridão parda”.
Com o programa, o produtor poderá identificar previamente se há doenças na produção, o que gera maior possibilidade de intervenção imediata e evita perdas na produção. O software foi desenvolvido por pesquisadores e alunos do Núcleo de Pesquisas em Computação Aplicada (NPCA), da Ufra campus Paragominas, com financiamento da FAPESPA e CNPq.
Segundo o coordenador do NPCA, professor Marcus Braga, o software completo está em fase de registro final junto ao INPI. “Até o final do ano, quando o projeto for finalizado, haverá a transferência de tecnologia e o aplicativo deve ser disponibilizado nas lojas de aplicativos. E novos projetos já começaram com um aperfeiçoamento e extensão do aplicativo, para abranger novas doenças e também pragas, além de novas funcionalidades”, disse. Ele explica que também está em fase de captação uma nova versão, que permitirá a identificação da monilíase, que é a grande ameaça atual ao cacau brasileiro e que já afeta o estado do Amazonas.
"A cadeia produtiva do cacau é fundamental para a economia do estado, é moeda de exportação. Para mantermos esse título e atendermos essa demanda, é fundamental que o estado consiga ter a capacidade de prever pragas na produção, o que gera maior possibilidade de intervenção imediata. O Pará é o maior produtor de cacau do Brasil e a maior região produtora é a Transamazonica. Mas a curiosidade é que a grande maioria dos produtores de lá são pequenos produtores, daí a importância desse projeto", diz o coordenador.
A outra novidade é que esse mesmo projeto está sendo realizado com apoio do NPCA Ufra na República Dominicana, país da América Central. “Estamos aplicando a mesma tecnologia naquele país para ajudar os produtores de lá. No local existem as mesmas doenças e condições de cultura semelhantes ao cacau plantado em SAF que temos aqui. A diferença é que as lavouras lá são nas montanhas”. O projeto foi aprovado a partir de um edital internacional financiado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia da República Dominicana (MESCYT).
Texto e fotos: Vanessa Monteiro, jornalista, Ascom Ufra
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