Essa pagina depende do javascript para abrir, favor habilitar o javascript do seu browser! Ir direto para menu de acessibilidade.
Página inicial > Últimas Notícias > Combate aos maus-tratos: Evento apresenta situação dos animais em Belém e o projeto de criação de um santuário
Início do conteúdo da página
Ultimas Notícias

Combate aos maus-tratos: Evento apresenta situação dos animais em Belém e o projeto de criação de um santuário

  • Publicado: Quarta, 23 Abril 2025 15:31
  • Última Atualização: Quinta, 24 Abril 2025 07:51

Mostrar aos órgãos públicos qual a situação dos animais no município de Belém e apresentar alternativas para solucionar alguns desses problemas. Esse é o objetivo do evento que será realizado nesta sexta-feira (25), das 08 às 12h, na Prefeitura Municipal de Belém. O evento é uma iniciativa da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), com coordenação do professor Djacy Ribeiro. 

“Temos muitos problemas em Belém que não são de agora. Animais sempre foram deixados para terceiro e quarto plano, nunca pensados como prioridade. São problemas que a sociedade sabe que existem, mas que nunca foram resolvidos. Nós precisamos falar sobre os animais, trazer esse problema à tona. E a Ufra vai fazer isso”, explica Djacy Ribeiro, que há mais de 20 anos atua no combate à maus tratos de animais junto ao Projeto Carroceiro, da Ufra. No projeto são feitas cirurgias, laser, ozonioterapia e tratamento odontológico. É um projeto referência no Brasil no combate a maus tratos. 

O evento será dividido em dois momentos: das 08h às 09h30 os órgãos que direta ou indiretamente atuam com a questão animal terão acesso a apresentações feitas por 40 alunos do curso de medicina veterinária da universidade, que destacarão problemas como a “fábrica de filhotes”, Controle populacional de cães e gatos; Tutoria responsável; Regulamentação ou extinção da venda de animais em feiras livres; Fluxo de atendimento de animais silvestres e quem procurar para assumir esse papel e a tração animal e quais os órgãos responsáveis nesse resgate. 

“No caso dos animais de tração, por exemplo, a população reclama porque não sabe quem procurar para fazer a denúncia. É preciso que tenha um responsável, que isso seja estabelecido, organizado”, explica o professor. Atualmente a Ufra recebe somente animais dos carroceiros e encaminhados por órgãos como Demapa, Corpo de Bombeiros, CCZ. 

Após essas apresentações, os representantes dessas entidades e órgãos competentes poderão debater sobre o assunto. “Nossa proposta é que se criem grupos de trabalho para que esses problemas sejam sanados”, explica Djacy Ribeiro, destacando o papel da Secretaria Municipal de Proteção e Defesa Animal (SEPDA) nessas discussões. 

Nas apresentações, os alunos também vão falar sobre iniciativas que estão dando certo no Brasil e que podem ser replicadas em Belém, como o Santuário, proposta apresentada pela pela prefeitura para receber os equinos vítimas de maus tratos e utilizados no trabalho de tração. 

 

Santuário

Não se tem registro de quantos animais são utilizados por carroceiros no trabalho de tração no município de Belém. Mas o projeto Carroceiro atende esses animais na Ufra desde 2003. Em 2024 foram cerca de 180 animais atendidos. 

“Embora a gente perceba um número menor de animais levando carroças hoje em dia, a situação de maus tratos de todos os tipos permanece a mesma. São animais feridos, com problemas na articulação, sem alimentação adequada, abandonados nas vias”, diz Djacy Ribeiro, coordenador do projeto. 

A tração animal urbana já está extinta por lei tanto no município quanto no estado. Mas ainda existe. O professor explica que a lei nunca foi executada porque não havia onde destinar esses animais. 

A proposta da prefeitura é a criação de um Santuário, em uma área de mais de 30 hectares cedida pela Embrapa. Para o projeto, foi solicitado apoio da universidade. “O santuário é um projeto para atender mais de 70 animais e que reúne tudo o que um animal precisa para viver dignamente”, explica. 

O projeto inclui espaços de manejo, comedouro, capineira, bebedouro, locais de atendimento, local de estadia dos trabalhadores, local para banho, solário e atendimento clínico e contratação de médicos veterinários para atuarem no local. 

“O funcionamento do Santuário seguiria um plano operacional padrão, em que os órgãos competentes resgatam esses animais e os encaminham ao Projeto Carroceiro, onde faríamos a identificação, triagem e atendimento clínico”. Segundo o professor, o local pode contribuir não apenas com a causa social ou animal, mas para a universidade, com a oferta de conhecimento, estágios, práticas e pesquisa. 

Após habilitados, os animais poderiam permanecer no local, como uma aposentadoria,  ou ter a oportunidade de conseguir uma família, a partir da adoção. 

Em 2024 foram feitas oito adoções de cavalos a partir do projeto. “Nós avaliamos e fazemos a doação a sítios e fazendas que recebem o animal com o compromisso de não usá-los para trabalho. Fazemos o acompanhamento nesses locais e não temos relatos de que animais estão sendo mau tratados, pelo contrário. Recentemente doamos um cavalo a uma família com uma criança autista, cuja recomendação médica foi que houvesse interação animal”, diz. 

Segundo o coordenador, a criação do Santuário e da extinção do trabalho de tração animal é um sonho antigo. “É um sonho de todo o Brasil. Belém é a capital que está mais à frente na  iniciativa de acabar com a tração animal. Mas extinguir de forma digna, correta. Nenhuma capital brasileira tem hoje um santuário mantido pela prefeitura”, diz o professor. 

Ele explica que há outros santuários no Brasil, mas que são mantidos por ongs. “Isso é um problema do município, não pode ser delegado para que as ongs resolvam o problema. O Município de Belém, ao propor o santuário, terá um planejamento financeiro pra isso”, diz. 

 

Texto: Vanessa Monteiro, jornalista, Ascom Ufra. 

 

Fim do conteúdo da página

Avenida Presidente Tancredo Neves, Nº 2501 Bairro: Terra Firme  Cep: 66.077-830 Cidade: Belém-Pará-Brasil