#UfraSuasRaízesSuasHistórias: Reis: a importância da educação, passada de pai para filho

Sempre achei o prédio central lindo. Para o olhar de uma criança, parecia um castelo”, lembra o professor Leonardo Reis, docente do campus Capitão Poço. A memória de infância sobre o prédio símbolo da Ufra é por conta das várias vezes em que visitava a instituição, acompanhando o pai, o técnico de laboratório Ivanildo Reis. “Conhecia a UFRA muito bem e a visitava em diversas ocasiões durante a infância. Meu pai trabalhava no Laboratório de Fisiologia Vegetal, e tenho boas lembranças da vidraria, dos frascos e da bancada, cenários que me remetiam a um filme de ficção”, relembra.

Ivanildo Reis ingressou na instituição em 1979, quando a Ufra ainda era. E a família morava na mesma avenida em que se encontra a UFRA campus Belém. “Quando minha irmã e eu nascemos, meu pai já trabalhava na FCAP. Sempre reconhecemos a importância da universidade para nossa família, pois somos, desde o nascimento, filhos da instituição”, diz.

O tempo foi passando e chegou a hora de prestar vestibular. E a instituição escolhida por Leonardo foi a Ufra. “Eu tinha duas opções, Agronomia ou Engenharia Florestal, em parte devido ao vínculo direto com meu pai, que trabalhava no ICA, e também porque sempre gostei de árvores, achava lindas as seringueiras e a sumaúma do campus. Fiz uma escolha acertada: ingressei em 2006 em Engenharia Florestal e me apaixonei pelo curso e pela UFRA”. 

Os encontros com o pai ocorriam com frequência pelo campus. E eram motivo de orgulho, para ambos. “Adorava encontrar meu pai pela Ufra, muitas vezes íamos juntos, e ele me oferecia valiosos conselhos sobre a profissão. Eu precisava mostrar ao meu pai que estava me dedicando aos estudos e queria deixá-lo orgulhoso. Como ele tinha grande afinidade com o laboratório de Fisiologia Vegetal, tentei bastante para me sair bem nas provas dessa disciplina, dedicando intensamente às práticas. Lembro-me de ter saído muito bem da primeira avaliação e, no corredor do prédio central, conversei com o meu pai: “Pai, eu detonei na prova!”. Apesar de ter soado confiante, a verdade é que estudei e suei muito para alcançar esse resultado”, diz. 

Já formado, Leonardo Reis decidiu seguir na instituição, agora como como docente no campus Capitão Poço. “Eu me sinto honrado em retornar à UFRA como professor, atuando nos cursos de Engenharia Florestal e Agronomia. Foi nessa instituição que me formei, e sempre me dediquei a ser um bom profissional. Recebi grande estímulo da minha família para seguir a carreira acadêmica. Desde que ingressei na universidade, já cogitava fazer doutorado e investir na pesquisa científica, cheguei a atuar como pesquisador por um período. Tenho orgulho de ensinar em uma instituição com tradição em Engenharia Florestal na Amazônia”.

Ivanildo reis faleceu em 2024. Não antes de deixar um legado para a instituição. No mesmo ano foi lançado o Programa de Capacitação Ivanildo Melo Reis, que tem o objetivo de garantir acesso à educação para servidores que ainda não concluíram o ensino fundamental, médio e superior. Ivanildo não possuía ensino superior; sua formação foi técnica tanto em contabilidade quanto em laboratório. Ivanildo não possuía ensino superior, mas teve uma participação ativa para que os servidores tivessem acesso à educação e melhoria salarial. Mas não não pôde acompanhar a conquista. “Hoje, sinto saudade de ir à UFRA em Belém e não encontrá-lo em seu ambiente de trabalho. Mas sei que meu pai sempre lutou pelos direitos dos servidores técnicos da universidade, sempre se empenhando pela melhoria das condições de trabalho. Esse programa, que leva o nome dele, faz parte desse esforço, e fiquei profundamente emocionado ao saber da homenagem”, disse.

*Depoimento à jornalista Vanessa Monteiro, da Ascom Ufra, em 16 de abril de 2025.

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#UfraSuasRaízesSuasHistórias

A Ufra completa 74 anos de tradição, ciência e ensino na região amazônica. A universidade não só forma profissionais, como também une gerações e faz parte da vida e da memória de muitas famílias. 

Nessa série, reunimos depoimentos de algumas dessas famílias, que se orgulham de fazer parte da jornada da primeira universidade federal rural do Norte do país. Neste texto, um pouco da família Reis.