#UfraSuasRaízesSuasHistórias: Libonati, um legado dentro e fora da instituição.
Quem chega no campus da Ufra Belém, logo se depara com uma escola dentro da universidade. Na fachada, um nome: EEEF Virgílio Libonati. O nome homenageia um dos diretores da universidade e também pai de Elisenda Libonati, psicóloga e servidora da instituição.
“Meu pai era paraense, filho de um italiano que veio para Belém com 14 anos de idade. Meu avô fazia sapatos e meu pai ajudava a vender. E depois conseguiu cursar agronomia”, diz.
Libonati foi aluno da primeira turma de agrônomos da Escola de Agronomia da Amazônia (EAA), que mais tarde viria a se tornar Ufra. No local em que se formou, também virou professor, vice-diretor, chefe de departamento em diversas ocasiões e executor de convênios sobre heveicultura no Pará, Amazônia e no Brasil.
Na memória dos filhos, uma infância toda vivida na universidade. “Nós aprendemos a nadar na piscina da Ufra. Eu lembro quando construíram o centro esportivo, tinham quadras de tênis, de vôlei e basquete. Ficavam na área que hoje é a Escola Mário Barbosa”, lembra Elisenda.
Em 1984, em virtude da carência de escolas no Bairro da Terra Firme, a FCAP elaborou um Plano de Trabalho Pedagógico em Educação Básica. O prédio para funcionamento da Escola foi construído, então, nas instalações da Faculdade, a EEEF Prof. Virgilio Libonati. A ação educacional era de responsabilidade da FCAP e buscava atender, principalmente, aos filhos de funcionários da instituição.
Em 1990 a Faculdade firmou contrato de comodato com a Secretaria de Estado de Educação (SEDUC) e a Escola passou a ser administrada por funcionários da Secretaria, atendendo então a toda a comunidade do bairro.
A partir de convênio entre a SEDUC e a FCAP também foram construídas as instalações para funcionamento da Escola Estadual Mário Barbosa. A área onde está localizada a Escola foi desmembrada do Centro Esportivo da instituição e cedida ao Governo do Estado. A partir dessas ações, a comunidade do entorno da UFRA passou a contar com a EEEF Prof. Virgilio Libonati e a EEEFM Mário Barbosa, que, juntas atendem muitas crianças e jovens do bairro.
“Ter uma escola com o nome dele é muito importante. Ouvir as pessoas dizerem que passaram pela Virgílio Libonati, é muito emocionante para nós. É um nome que fica eternizado”, diz.
Virgílio Libonati e a esposa tiveram seis filhos. Ele faleceu em 2020. “Meu pai era nosso herói, nosso ídolo. Se você falar com que o conheceu, de ex alunos e a professores que trabalharam com ele, ninguém fala mal dele. Ele sempre teve um comportamento muito nobre aqui dentro, de muito valor. Eu não poderia fazer diferente. Não sou ele, mas procuro ter uma conduta ética com as pessoas, com meus colegas, como aprendi com ele”, diz.
Elisenda lembra que o pai e demais professores dessa época eram muito próximos e tinham um vínculo entre as famílias, chegando a comprar juntos um sítio em Santa Izabel, para frequentarem com as famílias. Ela diz que o pai sempre foi um estimulador da vida acadêmica.
“Quando casou com minha mãe, ela só tinha o primário. Ele incentivou ela a fazer o curso pedagógico, com isso, depois ela deu aula durante cinco anos no colégio Ciências e Letras, no bairro do Comércio”. Mais tarde, Libonati incentivou a esposa a fazer vestibular para agronomia. E ela passou”. Mas a mãe não concluiu o curso. “Quando descobriram que ela era esposa do professor, ela sofreu pressão dos alunos, que diziam que os professores iriam dar regalias e a prova pra ela. Então ela desistiu do curso”, lamenta.
Elisenda chegou a trabalhar com o pai, em projetos para compreender a evasão escolar. Ela diz que o pai tinha muita paciência para ensinar, era um educador. “Para mim ele era um aconselhador, eu pedia sugestões e ele me direcionava o caminho. Ele nunca foi de fazer as coisas por nós, ele dizia “Faça”, e depois ele nos ajudava a corrigir”.
Elisenda já tem 40 anos de atuação na universidade. Ela ingressou na instituição em 1982, se efetivando em 1984. Atualmente é psicóloga atuante na Dsqv, atendendo servidores e promovendo ações de fortalecimento de saúde mental na Ufra.
*Entrevista para a jornalista Vanessa Monteiro, 16 de abril de 2025.
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#UfraSuasRaízesSuasHistórias:
A Ufra completa 74 anos de tradição, ciência e ensino na região amazônica. A universidade não só forma profissionais, como também une gerações e faz parte da vida e da memória de muitas famílias. Nessa série, reunimos depoimentos de algumas dessas famílias, que se orgulham de fazer parte da jornada da primeira universidade federal rural do Norte do país. Nesse texto, conhecemos um pouco sobre o legado Libonati.
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