Ufra inicia aulas do programa de capacitação de servidores que não concluíram os estudos
O Programa de Capacitação Ivanildo Melo Reis, que visa o incentivo para a conclusão dos estudos dos servidores da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), realizou a sua aula inaugural nesta segunda-feira, 3, no campus Belém do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará (IFPA), parceiro da Ufra na iniciativa. O programa irá dar uma bolsa para os servidores e oferecer a oportunidade de graduação. A meta é que nos próximos anos todos os servidores tenham uma formação superior.
Inicialmente, os servidores da Ufra irão participar de aulas no IFPA, que disponibilizou seu corpo docente para prepará-los para o Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja), aplicado pelo Inep, para que consigam à certificação do Ensino Fundamental e Médio.
“Nós conseguimos vagas para todos os técnicos, tanto para os que precisam finalizar o
Ensino Fundamental quanto para os que precisam finalizar o Ensino Médio. Fizemos o mapeamento de todos os nossos técnicos e, com exceção de Belém, apenas Igarapé-Açu possui servidores nessa situação. São três técnicos que virão diariamente para as aulas em Belém”, afirmou a reitora da Ufra, Herdjania Veras de Lima.
Segundo a reitora, a proposta do programa vai além da certificação do Ensino Médio: o objetivo é garantir a qualificação dos servidores por meio da graduação. “Já estamos discutindo o próximo passo, que é a partir dessa turma que finalizar,nós começarmos a oferecer já a graduação. Então o acordo de cooperação técnica assinado com a IFPA, é que ao final de três anos a gente tenha todos os nossos técnicos com o nível de graduação.”
Para a reitora do IFPA, Ana Paula Palheta, a parceria é um objetivo comum entre as instituições que é formar com a melhor qualidade possível os servidores. “Nós unimos esforços para receber servidores da Ufra, que ainda estão em busca da finalização dos seus cursos de Ensino Fundamental e Ensino Médio, para fazer a prova do ENCCEJA. O IFPA vai abrir suas portas e colocar à disposição os professores dos componentes curriculares da formação geral para fazer essa capacitação.”
Ana Paula ressaltou ainda a importância do programa e o fortalecimento dos laços institucionais. “Significa que a gente encontrou nas agendas institucionais um espaço que para nós é mais do que simbólico. Reflete o sonho de muitos servidores e servidoras que ainda não tiveram a oportunidade de finalizar seus cursos. Então, gostaria de agradecer a confiança que a Ufra está depositando no Instituto Federal do Pará, para nós é uma honra e a gente vai cuidar muito bem dos servidores que nos procurarem”, afirmou.
Uma nova oportunidade para os servidores
Com mais de 40 anos de serviço na Ufra e atuando na vigilância, Ornilo Lameira teve dificuldades para concluir o Ensino Fundamental devido à necessidade de trabalhar desde jovem. “Eu perdi muito tempo da minha vida assim, trabalhando desde novo, e não tive condições naquela época de terminar meu Ensino Fundamental. E agora que surgiu essa nova oportunidade, depois dos 67 anos de idade, quase me aposentando, eu quero ser alguém. Isso é uma porta que se abre aí, eu quero ver se eu pego com unhas e dentes para ser melhor na vida”, afirmou.
O servidor teve um incentivo especial para seguir no programa. “Conversando com a minha neta de cinco anos, ela me disse: “Vovô, estude. Estude que quero ir na sua formatura”. Isso deu uma injeção de ânimo muito grande em mim. Então estou aqui pra isso, e depois que terminar esse ciclo iniciar um novo ciclo, que é super importante pra ajuda da gente”, comentou Ornilo que tem vontade de cursar o Ensino Superior.
Infraestrutura e suporte para o servidor
Após um mapeamento feito pela Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (Progep), foi identificado que apenas alguns servidores de Belém e da Fazenda Escola de Igarapé-Açu (Feiga) ainda não haviam concluído o Ensino Fundamental ou Médio. Para garantir que esses servidores tenham acesso à capacitação, a Ufra oferecerá um suporte completo, incluindo:
- Bolsa de estudo de aproximadamente R$ 300,00, como auxílio para material didático e alimentação;
- Dispensa do ponto eletrônico no turno da tarde, período das aulas;
- Transporte: um ônibus levará os servidores do campus Belém para o IFPA, enquanto um carro menor fará o transporte dos servidores da Feiga para a capital.
“A bolsa é um auxílio para que eles se mantenham estudando. Eles vão ser dispensados do ponto eletrônico no horário da tarde, que é o horário da aula. Sairá um ônibus do campus Belém da Ufra para levá-los para o IFPA e um carro menor da Feiga para trazer os outros três servidores para a capital. Já a bolsa é um valor para que eles consigam se manter, tanto na compra de material quanto, por exemplo, de alimentação. Então é um valor de auxílio que vai ser pago mensalmente e vai variar, para aqueles que vão fazer o Ensino Médio e Fundamental. A bolsa é em torno de 300 reais”, afirmou Amanda Medeiros, pró-reitora de Gestão de Pessoas.
Graduação para os servidores
A meta da Ufra é bem clara: que em três anos não existam mais servidores sem graduação na universidade. A graduação será em Gestão Pública, ofertada pelo IFPA. A pró-reitora explica que essa graduação é para aquelas pessoas que não têm tanta oportunidade ou mesmo facilidade de conciliar trabalho e estudo.
“Porque vai ser um horário específico, uma liberação específica para aquele programa. Quando você buscar algo externo, aí tem que haver uma adaptação diferenciada para cada servidor e aqueles que vão pelo nosso programa de acordos de cooperação técnica, ele vai ter toda a infraestrutura necessária, todo o auxílio necessário e toda a adaptação de carga horária de trabalho e flexibilização da jornada de trabalho necessária também. Então é o caminho mais fácil, mais harmônico e com mais apoio institucional”, afirmou a Amanda Medeiros.
No acordo entre Ufra e IFPA, a Rural irá oferecer vagas em todos os cursos de pós-graduação. “Em geral os acordos de cooperação visam apenas algumas vagas em um programa específico. A Ufra quer tanto capacitar e qualificar os nossos servidores, que ela ofereceu para o IFPA 10% em todas as pós, em todos os projetos de pós da universidade. Então, foi algo inédito”, conclui Amanda.
Texto e fotos: Bruno Chaves, jornalista, Ascom Ufra
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