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Cidade das Mangueiras: mais de um século depois, arborização ainda é desafio em 2025

  • Publicado: Sexta, 10 Janeiro 2025 15:38
  • Última Atualização: Sábado, 11 Janeiro 2025 15:52
 
As mangueiras fazem parte da história da cidade de Belém desde o final do século 19, quando foram importadas do continente asiático pelo então intendente Antônio Lemos. Destinadas à arborização urbana da capital paraense, elas pareciam as árvores ideais para esse propósito: uma copa grande, boa sombra e frutos. “Eles só não consideraram o crescimento urbano e o sistema radicular, ou seja, a raiz da planta”, explica o professor Cândido Ferreira Neto, da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra). “Na arborização, a mangueira é uma planta muito boa, gera um bom sombreamento e gera um microclima muito bom. Mas o espaço em que foram colocadas não é adequado, a árvore sofre muito com a urbanização”, diz o pesquisador.  
 
Com o tempo os problemas começaram a ocorrer e seguem até os dias atuais. No bairro de Nazaré existem 871 mangueiras, 50% delas com algum dano regular ou crítico. Os dados fazem parte do projeto de levantamento florístico feito pelo pesquisador, juntamente à professora Joze Melissa e alunos da Ufra. As análises feitas pela equipe são encaminhadas diretamente à Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), com orientações sobre quais as espécies adequadas para aquelas áreas sem plantio, a saúde das plantas, sugestões de retirada de vegetais com problemas e as que estão com riscos de queda. 
 
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“As árvores que observamos tem corte das raízes, caule com pregos, anelamento, amarração por arame, muito lixo. Com a intenção de nivelar suas calçadas, as pessoas cortam ou sufocam as raízes ao colocar cimento, então a árvore não consegue respirar, e fica muito suscetível a queda delas diante da fragilidade da raiz. Quando ocorrem ventos mais fortes ou chuvas, essas árvores tendem a tombar”, diz.
 
Outro problema é a poda inadequada, feita sem conhecimento dos órgãos ambientais, que desnivelam a planta. “Elas precisam de espaço para crescer e com isso acabam entrando em contato com o meio fio e com o sistema elétrico. Com isso, muitas pessoas e empresas particulares tendem a fazer a poda de forma inadequada, deixando a planta sem equilíbrio”, diz. 
 
O professor explica que essas plantas precisam ter atenção desde a produção da muda até o plantio. Ela precisa ser plantada em local adequado para o crescimento ideal e ao longo do seu desenvolvimento fazer uma condução correta dela. “E quando estiverem maior, fazer a manutenção e poda adequada”, diz. E a população pode ajudar de alguma forma? A resposta é sim.
 
Segundo o professor, a população pode ajudar cuidando e zelando pelas árvores que estão sendo colocadas pelos órgãos competentes, para que esse vegetal tenha o crescimento rápido e correto, sem danos. “As pessoas podem ajudar não colocando lixo nas raízes, não cortar essa raiz ou quebrar os galhos, não fazer poda aleatória, sem conhecimento, não causar danos nos caules, ferir, furar, é a melhor forma das pessoas zelarem por essas árvores”, diz. 
 
Mesmo que ainda seja conhecida por “cidade das mangueiras”, Belém está longe de ser considerada uma cidade bem arborizada. E apesar de ser a Sede da Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças de Clima (COP) em 2025, considerada a Cop da Floresta, Belém está entre as cinco cidades menos arborizadas do país, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “A situação da arborização de Belém é baixa, precisamos conscientizar o setor público, privado e a sociedade, para podermos ter tomadas de decisão, planejamento e o mais rápido possível traçarmos caminhos importantes para melhorar a arborização da nossa cidade. Um trabalho elaborado de forma correta, adequado e planejado, para que consigamos aumentar esse percentual, melhorando nosso conforto térmico, microclima, biodiversidade e melhores espaços de lazer”, diz. 
 
Mapeamento
A equipe já finalizou o mapeamento em quatro bairros de Belém: Reduto, Nazaré, Marco e Fátima.  Atualmente esse mapeamento está ocorrendo no bairro de Batista Campos e em seguida será a vez do Guamá, Terra Firme, Jurunas e Umarizal. 
 
Dos bairros mapeados, até o momento foram registradas 4.777 árvores em Belém. O bairro do Marco é considerado o mais arborizado pelos pesquisadores, com 3.234 árvores, sendo 18% delas correspondentes a mangueiras, 13% castanhola e ipê 11%. Um número que pode ter passado por modificações, em função de obras e novas vias. “Algumas árvores foram suprimidas ou foram adicionadas, como é o caso do bairro do Marco. Futuramente vamos voltar nesses locais para fazer uma recontagem”, diz. 
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Já o bairro menos arborizado foi o de Fátima, com somente 188 árvores, bem abaixo do que o sugerido pela Organização Mundial de Saúde (OMS). “Existem bairros com arborização boa e outros com uma deficiência muito grande. A OMS sugere que o recomendado seja de pelo menos uma árvore e 12 m² de área verde por cada habitante, mas o ideal são três árvores por habitante e 36m² de área verde por habitante. . O bairro de Fátima tem em torno de 0,016 árvores por habitante, o que está muito abaixo do ideal”, explica o professor. 
 
O trabalho é feito a partir de um acordo de cooperação técnica com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) e deve ocorrer até 2028. 
 
Texto: Vanessa Monteiro, jornalista, Ascom Ufra

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