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Ufra lança cartilha sobre aproveitamento de água da chuva

  • Publicado: Quarta, 04 Dezembro 2024 21:34
  • Última Atualização: Quinta, 12 Dezembro 2024 11:49

Abrir a torneira e ter água potável. Um ato cotidiano, que deveria ser comum, ainda não é a realidade de pelo menos 3.972.978 paraenses, o que equivale a 48,9% da população do estado que não tem acesso a água potável. Os dados são do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS 2022), condensados pelo instituto Trata Brasil. Em um estado cercado de rios e conhecido por suas chuvas da tarde, ainda falta água para beber. Uma alternativa diante desse problema é o sistema de captação de água da chuva, tecnologia social desenvolvida pela professora Vania Neu, da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) junto à comunidades ribeirinhas. Para tornar acessível o entendimento sobre a aplicação do sistema, a pesquisadora lançou nesta quarta-feira (04) a segunda versão de uma cartilha ilustrada que mostra o passo a passo para a implantação do sistema que foi desenvolvido. O lançamento fez parte de uma das atividades do IV Conecta Ufra, que está sendo realizado na universidade. 

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Mas por que  uma cartilha? 

“A cartilha,  quando bem ilustrada, representa a realidade e consegue levar a informação até para os que tem dificuldade de ler, realidade de muitas comunidades rurais isoladas. A cartilha foi desenvolvida especialmente para comunidades que não tem acesso a água potável, a exemplo de comunidades ribeirinhas. Ela consegue alcançar muito mais comunidades do que nós temos capacidade de atender, com isso, a ilustração permite que a pessoa possa olhar o sistema e ser capaz de replicar na sua própria casa. Não é qualquer ilustração, ela é contextualizada para a realidade das comunidades”, explica a professora. 

Essa é a segunda versão da cartilha. Foram dois anos de trabalho. O sistema funciona sem a necessidade de energia elétrica, usando somente a gravidade. No novo modelo, foram incluídas várias adaptações e melhorias pensadas e desenvolvidas junto à comunidade, inclusive durante a pandemia. “É a partir do diálogo com a comunidade que uma tecnologia social é criada, desenvolvida e melhorada”, diz Vania Neu. O resultado: no novo sistema de tratamento é possível garantir uma água potável, livre de contaminantes fisico-químicos e biológicos, tudo por meio de cuidados e tratamentos simples, que as comunidades são capazes de fazer. 

Agora o sistema também tem dois reservatórios. “Muitas vezes chegávamos à comunidade e o morador não havia higienizado o reservatório, para não ficar sem água. Então agora eles podem usar um e higienizar o outro”, diz a professora. Além de desenvolver o sistema, a universidade também atesta a qualidade da água, junto ao laboratório de hidrobiogeoquímica, também coordenado pela pesquisadora. A tecnologia apresentada foi certificada este ano pela Fundação Banco do Brasil. As ilustrações foram feitas pelo artista Thiago Sena Dantes de Oliveira, e foi quem ilustrou as outras cartilhas do projeto. Para a professora, esse tipo de tecnologia deveria ser transformada em política pública, para que cada vez mais pessoas tivessem acesso. 

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Aplicação na prática

O sistema de captação de água da chuva é uma tecnologia social aplicada pela Ufra na comunidade de Furo Grande, no município de Barcarena. No município, 63,7% da população não tem acesso a água. 
Mas para as 15 famílias beneficiadas pelo projeto essa realidade é diferente. Mary Baía, agente de saúde que atua na comunidade, participou do lançamento da cartilha e destacou disse que consegue ver na prática a diferença que o projeto trouxa para a vida da comunidade. 

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“Antes do projeto as famílias tinham maior incidência de dores no estômago, diarréias e problemas de pele. Com a tecnologia nós percebemos que essas queixas diminuíram. Como agente de saúde eu vejo as duas realidades, de quem tem e de quem não tem as cisternas do projeto. As pessoas que não tem ainda ficam com uma preocupação a mais, porque pensam “será que terei água para beber amanhã?”

Mary diz que a prefeitura fornece água em um barco, uma vez por semana, para quem já possui os garrafões. Quem não tiver, não recebe. “Um ou dois garrafões de água, dependendo do número de pessoas, é pouquíssimo. Para ter água, muitas famílias tem como única opção o uso da água do rio. Eu vejo quem participa do projeto como privilegiado. Porque a pessoa pode higienizar seus alimentos, bater o açaí, beber e ainda ajudar as pessoas que moram perto da casa dela”.

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Recentemente Mary se mudou da comunidade, mas continua ribeirinha. Na nova casa não tem o sistema de captação de água da chuva, e a mudança já está sendo notada. Mary diz que a casa que está construindo junto ao esposo já vai ter o sistema, uma tecnologia que ela faz questão de repassar a todos que conhece. “É um sonho que todos nós tenhamos acesso a água. Ninguém vive sem água. Mas enquanto os governos e políticos ignoram a gente, a universidade nos deu esperança”, finaliza. 

Alem dos exemplares físicos que serão entregues às comunidade, a cartilha está disponível gratuitamente e pode ser baixada no link abaixo: https://drive.google.com/file/d/1CwrNjhhuosazUae7XjRDkJcnhe1Wc4gc/view?usp=drivesdk 

Vanessa Monteiro, jornalista, Ascom Ufra

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