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Alunas da Ufra são selecionadas para intercâmbio em Cabo Verde

  • Publicado: Quinta, 17 Outubro 2024 13:54
  • Última Atualização: Quinta, 17 Outubro 2024 13:57

 

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Com foco no combate ao racismo e na promoção da igualdade racial, o Ministério da Igualdade Racial e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) lançaram, há um ano, o Programa Caminhos Amefricanos, para intercâmbios com países da África, América do Sul e Caribe. Em 2024, na edição de Cabo Verde, quatro alunas da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) estão entre os selecionados. A lista contempla 50 discentes quilombolas ou autodeclarados pretos ou pardos.

O programa oferece intercâmbios de curta duração em instituições estrangeiras, como a Universidade de Cabo Verde (Uni-CV), além de outros países como Moçambique e Colômbia. Seis estudantes paraenses foram selecionados, sendo quatro mulheres alunas da Ufra.

Flávia Coelho, do sétimo semestre de Letras Português, foi uma das selecionadas. Para participar, ela submeteu um projeto de pesquisa desenvolvido em conjunto com a professora Ana Guimbal, do projeto de extensão LabÁfrica. “Juntas, fizemos o projeto intitulado 'Criação de bibliotecas itinerantes e círculos de leitura na comunidade quilombola no município de Moju-PA'. Ainda é um trabalho novo, estávamos focando na questão teórica e resolvemos enviar o resumo para, quem sabe, engrandecer a pesquisa com novos saberes de Cabo Verde”, explicou.

Entusiasmada com a oportunidade, Flávia expressou sua felicidade em participar de um programa tão importante. “A sensação é incrível! Ainda está caindo a ficha de que eu irei participar de um projeto tão grandioso como este. Espero que eu adquira muitos conhecimentos e que eu possa compartilhá-los futuramente em eventos. Estou muito feliz e com certeza isso irá trazer muitos benefícios não só para mim, como também para outros estudantes que poderão se inspirar”, disse. Ela também destacou o trabalho do LabÁfrica, coordenado por sua professora, que visa promover a cultura afro-brasileira por meio de estudos e eventos.

 

 

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Também participante do LabÁfrica, Klycia Lobato, aluna do nono semestre de Letras Português, foi selecionada no programa e disse que será gratificante ter a oportunidade de dialogar com países da diáspora africana e ter contato com a cultura negra. “A partir dessa experiência no exterior poderei ampliar e partilhar conhecimentos que contrui dentro da Ufra, com ênfase aos saberes apreendidos no projeto LabÁfrica que sempre busca qualificar os professores do projeto sobre a história e cultura do negro da Amazônia. Nesta perspectiva, esse período de estudo possibilitará incentivar o combate ao racismo e promover políticas públicas, o que para mim enquanto mulher negra periférica é extremamente significante pois foram anos de dedicação”, comentou.

Klycia também lembrou das dificuldades de entrar na universidade e conciliação entre trabalho e estudo. “Fui a primeira pessoa da minha família a passar numa Universidade Federal. No período de pré-vestibular, eu conciliava a venda de doces, com a escola e o cursinho, que na época consegui uma bolsa por meio de concurso de redação. Desse tempo para cá, muitas pessoas torceram e me apoiam nos meus estudos, então sou muito grata a minha família, amigas e professores da universidade que sempre acreditaram no meu pontecial e de muitos outros jovens negros da Ufra que, assim como eu, acreditam no poder da educação”, afirmou.

As discentes participarão de um curso online de 40 horas sobre História e Cultura Afro-brasileira e cabo-verdiana antes de embarcarem para a África com destino a Praia, capital de Cabo Verde. O intercâmbio será entre os dias 2 e 16 de dezembro. As alunas selecionadas receberão ajuda de custo para deslocamento, emissão do passaporte, solicitação de visto de entrada, diárias e seguro saúde. Durante o intercâmbio vão participar de ações formativas, além de visitas a escolas, locais históricos e museus. 

Aluna de Pedagogia, Francimar da Silva, destacou que o intercâmbio poderá ajudá-la como futura profissional da área em uma conexão com a cultura africana e na promoção de uma educação antirracista. “Me sinto como quem sonha ser selecionada para um programa deste porte, como é o  Programa Caminhos Amefricanos, agora em sua segunda edição, me traz uma sensação de grande realização e reconhecimento. Esta é uma oportunidade única, além de possibilitar uma conexão com outras culturas, fortalecendo os laços entre povos africanos e afrodescendentes. Esse intercâmbio será fundamental para que eu desenvolva ações concretas em prol de uma educação antirracista e para a promoção da igualdade racial”, afirmou.

Josecley Alves, aluna de Letras Libras, também foi selecionada no programa e na sua inscrição apresentou o trabalho “O multifacetamento das identidades surdas e a produção das desigualdades sociais”, sobre a exclusão de negros surdos dentro da escola. “Esse multifacetamento das identidades, da dupla discriminação, da dupla pertença, que muitas vezes não é conhecido e nem reconhecido pelo surdo, porque há uma ausência de letramento racial, ele não se considera uma pessoa preta nem parda, por essa ausência. Mas também a gente pode dizer que um sujeito surdo negro, a primeira identidade que salta dele é a surdez. Alguma identidade surda, porque existem várias. Mas não como um corpo negro. Um corpo negro que é surdo. E aí ele vai passar por vários atravessamentos, às vezes ele nem sabe porque ele passa isso”, comentou a aluna.

A edição de 2024 do Programa Caminhos Amefricanos registrou 230 inscrições de estudantes de licenciaturas de todo o Brasil, evidenciando o amplo interesse no intercâmbio como forma de engajamento no combate ao racismo e na promoção de políticas de inclusão racial e social.

 

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Nesta quarta-feira, 16, a reitora da Ufra, professora Herdjania Veras de Lima, recebeu em seu gabinete as quatro alunas selecionadas no edital e os professores Ana Guimbal, Nicelma Brito e José Sinésio Filho. No encontro, a reitora ouviu das alunas sobre o processo até a aprovação no edital, parabenizou as alunas e professoras e presenteou com algumas lembranças.

“Elas irão para Cabo Verde representar a Ufra e será uma experiência maravilhosa de interação entre os dois países, vinculado à cultura africana. No edital, foram selecionados 6 alunos do estado do Pará, sendo que 4 foram da Ufra, isso é um grande orgulho para a nossa instituição e nós queremos que elas façam uma excelente viagem e representem bem o nome da Ufra e que tenhamos mais discentes nossos contemplados em novos editais”, afirmou a reitora Herdjania.

O Caminhos Amefricanos é um programa de intercâmbios Sul-Sul que visa promover a troca de experiências acadêmicas e culturais entre o Brasil e países africanos, latino-americanos e caribenhos, com foco no combate ao racismo e na promoção da igualdade racial. Organizado pela CAPES e pelo Ministério da Igualdade Racial (MIR), o programa incentiva a formação de redes de conhecimento e cooperação para fortalecer políticas públicas educacionais voltadas à inclusão da história e cultura africana e da diáspora. Em 2025, há previsão de intercâmbios em Angola, Peru e República Dominicana. 

Texto e Fotos: Bruno Chaves, jornalista, Ascom Ufra

 

 

 

 

 

 

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