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III Simposurdos traz uma série de atividades sobre a importância da educação de surdos nas escolas e no ensino superior

  • Publicado: Terça, 01 de Outubro de 2024, 15h24
  • Última atualização em Terça, 01 de Outubro de 2024, 16h52

No mês que se celebra a luta da comunidade surda, a Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) deu início nesta segunda-feira (30) a uma programação que destaca a importância da educação de surdos e práticas inclusivas na sociedade. As atividades fazem parte do SIMPOSURDOS - III Simpósio Alusivo ao Dia Nacional do Surdo, organizado pelo curso de Letras Libras da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA). A programação se estende até esta quarta-feira (02), com palestras, mesas redondas e oficinas práticas, resultando na elaboração de um ebook com os trabalhos discutidos durante o evento. A programação completa pode ser acessada no link: https://simposurdo.wixstudio.io/ufra

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Com o tema "Pesquisas e Práticas Educacionais para Surdos na Amazônia: Desafios e Perspectivas", esse ano o evento traz um enfoque ainda mais específico nas realidades e desafios da educação de surdos na Amazônia. “Por isso, destacamos pesquisas e práticas educacionais adaptadas para a região, ampliamos a participação de alunos surdos da UFRA e de outras instituições, bem como a inclusão de oficinas temáticas e grupos de discussão que abordam desde a diversidade linguística e a literatura surda, até inovações tecnológicas assistivas e estratégias de ensino inclusivo”, explica a coordenadora do evento, professora Liliane Oliveira. O início oficial do evento ocorreu nesta segunda-feira (30), no pavilhão de salas de aula, campus da Ufra Belém. Na mesa de abertura estiveram presentes o pró-reitor de ensino, Almiro Soares; a diretora de extensão, Salma Saraty; a coordenadora do evento, Liliane Afonso e o coordenador do curso de Letras-Libras, Sinésio Filho.

Docente surdo, o professor Sinésio Filho destacou a importância desse tipo de representatividade no ensino superior. “Eu nunca tinha pensado antes que poderia trabalhar na Ufra, em uma universidade federal, mesmo já sendo professor em outras instituições. Os alunos precisam ver que isso é possível, que a Ufra oferece o curso e que possamos incentivar que a Ufra possa seja uma referência nesse sentido”, disse o professor.

Mesa Redonda

Além de docentes surdos, atualmente a Ufra possui sete alunos surdos ou com deficiência auditiva, sendo dois no campus Paragominas cinco no campus Belém. Entre esses alunos está Caroline Veloso, aluna de Letras Libras, que ao lado de professores e convidados surdos fez parte da primeira mesa-redonda do evento, “Educação Inclusiva na Amazônia - O professor Surdo, o Aluno Surdo e as Políticas Educacionais para os Surdos”. 

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“É uma honra enorme para mim, como mulher que entrou na universidade como deficiente auditiva e que aqui se descobriu e ainda está no processo de construção da identidade surda”, disse Caroline, deficiente auditiva oralizada. “Antes eu não me sentia à vontade, era como seu eu não fizesse parte desse mundo de ouvintes, eu não consegui ouvir como todos ouviam, não conseguia aprender com a mesma metodologia. E aqui na Ufra foi diferente. Eu sei que a universidade precisa melhorar e crescer em muita coisa, claro, mas o papel da Ufra hoje na minha vida é muito importante. Eu desisti do curso em outra instituição, porque não adiantam leis de acesso se não tiverem programas afirmativos de permanência na universidade. E aqui eu consegui perceber essa diferença”.

Caroline Veloso participa de cursos, eventos e de projetos de pesquisa na universidade. E falou sobre o compromisso que a sociedade precisa ter sobre a inclusão de pessoas surdas. “É muito importante a disseminação da cultura surda, não só para os ouvintes e para os surdos, mas para toda a sociedade, porque nós fazemos parte. O surdo não tem que ser uma realidade paralela”, diz. Também compuseram a mesa o aluno Fabrício De Paula e os professores surdos Sinésio Filho, Pamela Matos e Cleber Couto.

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A programação do evento segue com apresentação de grupos temáticos, oficinas e minicursos.

Políticas afirmativas

Além das políticas afirmativas garantidas por lei, a Ufra também tem oferta de vagas reservadas a candidatos autodeclarados surdos que queiram ingressar no curso de Letras-Libras, no campus Belém, na modalidade ampla concorrência. Os alunos surdos da UFRA são integrados por meio de apoio de intérpretes de Libras em sala de aula e eventos acadêmicos, além de terem acesso a materiais adaptados e tecnologias assistivas pelo Núcleo de Acessibilidade - Acessar. “A universidade também oferece oficinas de formação continuada para professores e alunos, promovendo a conscientização sobre a inclusão e garantindo que as práticas pedagógicas atendam às necessidades específicas dessa comunidade. Além disso, há uma forte interação entre os alunos surdos e os demais, promovendo um ambiente de troca de experiências e valorização da diversidade linguística e cultural”, explica a professora Liliane. 

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O III Simposurdos é uma demanda da comunidade surda, em especial dos alunos da Universidade. O evento já faz parte da programação do curso, promovendo a discussão de práticas educacionais inclusivas, destacando a importância da educação de surdos dentro da universidade e na sociedade em geral, além de incentivar a troca de conhecimento entre acadêmicos, professores e a comunidade surda.

Texto: Vanessa Monteiro, jornalista, Ascom Ufra

Fotos: Vanessa Monteiro e coordenação do evento

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