Projeto da Ufra contribui com restauração de área degradada no Sudeste do Pará
Cada vez mais se tem falado da importância do desenvolvimento sustentável para o futuro da sociedade. Recuperar áreas que sofreram algum tipo de dano socioambiental está entre as principais ações pautadas para que isso ocorra. É a partir desse propósito que foi criado o projeto “Recuperação florestal em áreas degradadas no Sudeste Paraense” da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) campus Parauapebas. Coordenado pela professora Daiane de Cinque Mariano, as ações do projeto resultaram na estabilidade ecológica na área trabalhada, localizada na fazenda Santa Rita da União, no entorno da Floresta Nacional de Carajás (FLONA de Carajás), zona rural do município de Canaã dos Carajás, no Pará. O objetivo principal do trabalho foi avaliar o crescimento e comportamento de espécies nativas introduzidas em área degradada em processo de recuperação florestal.
O processo de restauração do local teve início com o plantio de mudas de castanheira (Bertholletia excelsa Bonpl.) e arbóreas heliófilas nativas, através da parceria entre a Ufra campus Parauapebas, ICMBio e a empresa Salobo Metais S.A., no ano de 2018. A iniciativa começou por meio de um convite realizado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que envolveu também os professores Drs. Ricardo Shigueru Okumura e Ângelo Augusto Ebling. Em 2021 o projeto foi cadastrado na Ufra.
A escolha das espécies utilizadas para a recuperação da área foi realizada pelos parceiros do projeto e ocorreu a partir de um levantamento florístico de áreas de floresta próximas à região. “Na área experimental havia 174 indivíduos que se estabeleceram por meio de regeneração natural e, para o enriquecimento com as demais espécies, foram inseridas 2.211 mudas de espécies nativas”, diz. A professora Daiane de Cinque Mariano ressalta que um dos pontos mais delicados no processo de restauração florestal é a escolha das espécies nativas que irão compor a comunidade de determinada área degradada. Dentre as espécies inseridas no local destacam-se: Bertholletia excelsa Bonpl. (Castanheira); Clitoria fairchildiana R. A. Howard (Faveira); Cordia goeldiana Huber (Freijó); Handroanthus heptaphyllus (Vell.) Mattos (Ipê); Hymenaea courbaril L. var. stilbocarpa (Hayne) Lee et Lang. (Jatobá); Astronium lecointei Ducke (Muiracatiara); Byrsonima crassifolia L. (Murici) e Schizolobium parahyba var (Paricá).
“O projeto permitiu observar o crescimento de espécies nativas tropicais de diferentes grupos ecológicos e destacar a necessidade de planejamento prévio visando o aumento da taxa de sobrevivência de algumas espécies por se divergir da literatura”, explica a professora. Quatro vezes ao ano realizava-se as avaliações acerca do crescimento das espécies nativas introduzidas nas áreas de estudo, além da verificação da taxa de sobrevivência. “Por meio do projeto foi possível obter resultados importantes como: trilhar as espécies de crescimento acelerado; espécies que apresentam altas taxas de mortalidade quando introduzidas em área de sequeiro; os efeitos positivos e negativos da herbivoria; e o crescimento de espécies por meio de análise de agrupamento ecológico”, diz a professora.
Texto: Júlia Marques, estagiária, Ascom Ufra
Fotos: arquivo do projeto
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