Mulheres gerenciam 41 propriedades de cacau na Transamazônica
O estado do Pará é atualmente o maior produtor de cacau do Brasil, com 53,3% da produção nacional, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para além do fruto, quem são as pessoas por trás de tanta produção? Qual o papel das mulheres nessa cadeia produtiva? Para compreender esses aspectos a engenheira florestal Josinara Garcia deu início à pesquisa “Mulher cacauicultora: uma análise socioeconômica e produtiva em municípios da região do Xingu, estado do Pará.
A pesquisadora busca compreender o papel das mulheres que lideram propriedades produtoras de cacau na região dos municípios que integram a Transamazônica, no estado do Pará. Com isso já foram mapeadas 236 propriedades que cultivam cacau nos municípios de Altamira, Brasil Novo e Uruará. Dessas, 41 propriedades são gerenciadas por mulheres, o que corresponde a 17,8%.
A pesquisa é uma das 30 que estão sendo desenvolvidas na turma ofertada fora de sede pelo Programa de Pós-graduação em Agronomia (PgAGRO) da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra). Os estudos são realizados em parceria com a Universidade Federal do Pará (Ufpa), campus Altamira e financiados com recursos do Plano Sub-regional de Desenvolvimento Sustentável do Xingu (PDRSX), do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR).
O trabalho, orientado pelos professores Marcos Santos (Ufra) e Miquéias Calvi (Ufpa) já possui dados demográficos das mulheres cacauicultoras na região, idade, nível de escolaridade e estado civil, além de dados sobre a produção de cacau nas propriedades dessas mulheres, propriedades, incluindo área cultivada, técnicas de cultivo e produtividade, o que foi coletado durante o trabalho "Depois das Hidrelétricas: processos sociais e ambientais que ocorrem depois da construção de Belo Monte, Jirau e Santo Antônio na Amazônia Brasileira".
Josinara Garia diz que as mulheres que atuam na cacauicultura são referência, além de exemplos de força e liderança. Foto: arquivo Josinara
O próximo passo é mapear o perfil empreendedor das mulheres envolvidas na cadeia do cacau. Segundo Josinara Garcia, são muitas as experiências e desafios enfrentados por mulheres na cacauicultura, especialmente em regiões como a Transamazônica. Ela explica que o protagonismo feminino na cacauicultura na região da Transamazônica é variável, mas em muitos casos as mulheres desempenham papéis importantes no gerenciamento das propriedades e na verticalização/agregação de valor a produção. “No entanto, para fortalecer esse protagonismo, são necessárias medidas, como acesso igualitário a créditos agrícolas e assistência técnica, políticas públicas sensíveis ao gênero que reconheçam e apoiem as necessidades das mulheres na agricultura, além de programas de capacitação adaptados às suas necessidades específicas”, diz.
Texto: Vanessa Monteiro, jornalista, Ascom Ufra
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